domingo, 13 de fevereiro de 2011

O quê a política entende de Natureza?

Num país onde existe megadiversidade biológica como no Brasil, o zelo por seus recursos naturais deveria ser bem maior, ainda mais considerando o avanço do conhecimento científico sobre o tema que vem ocorrendo nas últimas décadas, que pode e deve fornecer subsídios para a tomada de decisão mais adequada. Esse processo deve ser desenvolvido sem que forças políticas e econômicas interfiram, pois inexoravalmente elas tem o poder de mascarar as medidas realmente eficazes e eficientes, já que estão sujeitas aos interesses daqueles poucos que tem muito. Vejam adiante como essa negligencia pode ceifar muitas vidas, o que deveria ser inaceitável politicamente.
O Código Florestal Brasileiro (CFB), datado de 1967, vem sendo questionado pela bancada ruralista do Congresso Nacional Brasileiro. Em nível nacional, estão questionando a validade do mesmo diante de uma demanda cada vez maior por alimentos e desenvolvimento social. Vale lembrar que desenvolvimento social nunca foi prioridade governos brasileiros, conforme mostram os investimentos anuais em educação e saúde, que deveriam ser crescentes, mas estão sempre entre as últimas da lista política, pois em essência, não garantem votos para as eleições. Invariavelmente, educação e saúde são as maiores bandeiras em épocas de campanha eleitoral, mas são esquecidas com a mesma intensidade nos anos que se seguem.
Voltando ao Código Florestal, a idéia básica é aumentar a área produtiva (diminuindo as áreas de reservas florestais) para, consequentemente, aumentar produção, principalmente dos pequenos proprietários, e assim alavancar a economia brasileira, dizem eles. Além de emitir, sem qualquer tipo de ressentimento, o atestado de óbito de milhares de pessoal anualmente, o governo ainda perdoará o passivo ambiental dos ‘sem-reserva’, sejam eles pequenos ou grandes proprietários.
A perda de vidas por negligência politica é fato demonstrado e erro recorrente. Se o Código Florestal Brasileiro fosse cumprido, ou ao menos tentado a sê-lo, os estragos teriam sido bem menores. Isso é outro fato, que pode ser cientificamente comprovado, e não é difícil de fazê-lo. Qualquer técnico com um pouco de informação sobre geografia e ordenamento territorial poderia sobrepor os limites de Áreas de Preservação Permanentes (APP’s), preceituadas pelo CFB, às áreas afetadas pelas chuvas e analisar quantas das áreas afetadas estão dentro das APP’s. Além de não entender nada de processos naturais, aos quais estamos condicionados desde o início e estaremos até o fim (a não ser que efetivamente colonizemos outro planeta), a política brasileira ainda desdenha de seu povo, do conhecimento que seus cidadãos produzem, e o mais grave, permite que milhares de pessoas morram, sem prestar qualquer tipo precaução. Os desatres naturais que aconteceram ao mesmo tempo na Austrália foram maiores que os da região serrana do Rio de Janeiro em 2011. Por que lá o número de mortos foi muito menor?

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