sábado, 6 de dezembro de 2008

A tal da sustentabilidade

Fernando Fernandez

14/11/2008

Nem sempre assim é, mesmo se lhe parece.
Parafraseando William Shakespeare, em "As you like it"



Não, não adianta: você não pode escapar de ler ou ouvir a palavra "sustentabilidade", ainda hoje, em algum lugar.

Poucas palavras, hoje em dia, estão tão na moda quanto sustentabilidade. Ela é repetida à exaustão - seja nos jornais, na TV ou na internet; seja nos discursos dos políticos ou nos anúncios das mais variadas empresas. Pode-se dizer que "sustentabilidade" é quase um mantra dos nossos tempos pós-modernos.

Podemos traçar a origem da popularidade da palavra "sustentabilidade" ao conceito de "desenvolvimento sustentável", definido formalmente pela primeira vez no Relatório Brundtland em 1987 como "desenvolvimento que atende às necessidades do presente sem comprometer a habilidade das gerações futuras atenderem às suas próprias". Esse conceito tornou-se imensamente popular nas últimas décadas, como a panacéia que permitiria conciliar o desenvolvimento com a necessidade cada vez mais óbvia de não destruir a própria base de recursos da qual o desenvolvimento dependia. A palavra sustentabilidade, embutida no conceito, tomou então conta da mídia. Toda hora fala-se que esse ou aquele recurso natural está sendo explorado de forma sustentável.

À primeira vista podemos pensar que isso é ótimo. Devemos então estar cercados de práticas de exploração sustentável de recursos naturais, permitindo manter os tais recursos para as gerações futuras. Ah, sim, claro, conservando a natureza também.

Será?

Nos últimos anos, vários pesquisadores têm estudado a questão de se algumas explorações de recursos naturais apresentadas como sustentáveis de fato o são. Um deles foi o paraense Carlos Peres, que com vários colaboradores estudou se era ou não sustentável a exploração da castanha-do-Pará. Na natureza, esses frutos da castanheira (Bertholletia excelsa) são abertos por cutias. As cutias muitas vezes enterram as sementes para consumi-las depois, mas são uns roedores desmemoriados que muitas vezes esquecem onde enterraram as sementes, que então germinam. Hoje o florescente mercado internacional para as chamadas "Brazil nuts" tem deixado pouca coisa para as cutias. A exploração da castanha-do-Pará por populações locais na Amazônia tem sido frequentemente apontada como um exemplo de exploração sustentável – uma das "jóias da coroa" do governo Lula no que se refere ao "uso sustentável" de recursos naturais.

O estudo de Peres e seus colegas foi publicado na Science, a mais prestigiosa revista científica do Mundo (Science, 302: 2112-2114, 2003). Foi um estudo muito amplo. Em nada menos que vinte e duas localidades espalhadas pela Amazônia - a maioria delas no Brasil, mais algumas no Peru e na Bolívia - os autores mediram todas as castanheiras maiores que 10 cm DAP (Diâmetro à Altura do Peito). As árvores jovens, ou seja, as que ainda não produzem frutos, são aquelas com DAP menor que 60 cm. É, castanheiras são árvores bem grandes. O estudo comparou a freqüência de árvores jovens em localidades com diferentes antiguidades e intensidades de exploração.

Os resultados foram claros e perturbadores. A proporção de árvores jovens variava de 31 a 76% nas cinco localidades onde não havia exploração de castanhas-do-Pará. Caía para 10,6 a 47% nas dez localidades pouco exploradas, e para 3,8 a 25% nas cinco localidades moderadamente exploradas. Já nas três localidades persistentemente exploradas, a proporção de castanheiras jovens caía para ínfimos 0,7 a 1,6% - dezenas de vezes mais baixa que a proporção normal. Pior, em uma dessas três localidades as poucas castanheiras jovens eram rebrotamentos de árvores quebradas por ventos, as quais não se reproduzem mais. Ou seja, as populações exploradas tendem a ser populações velhas, com poucas árvores jovens.

A conclusão de Peres e seus colaboradores resume tudo com perfeição: "a mensagem clara é que as práticas de coleta de castanha-do-Pará não são sustentáveis a longo prazo". Por algumas décadas, a produção pode até ser mantida porque as castanheiras vivem e frutificam por muito tempo. Mas depois que as árvores adultas de hoje morrerem nas áreas exploradas, não há quase árvores jovens vindo depois para substituí-las. Ou seja, a segunda e tranquilizadora parte da definição de sustentabilidade, "sem comprometer a habilidade das gerações futuras atenderem às suas próprias [necessidades]" acabava de ir para o espaço.

Num estudo mais recente, também na Amazônia, Plinio Sist e Fabrício Nascimento, dois pesquisadores da EMBRAPA, analisaram a sustentabilidade da chamada "exploração madeireira de baixo impacto" ("reduced impact logging" ou RIL) (Forest Ecology and Management, 243: 199-209, 2007). RIL é uma técnica pela qual apenas as árvores acima de um certo diâmetro, das espécies comerciais, são retiradas, deixando as demais árvores no lugar. A área estudada, na Fazenda Rio Capim, em Paragominas (Pará), era explorada pelo grupo CIKEL – Brasil Verde. Um detalhe muitíssimo importante, a "sustentabilidade" da exploração na Fazenda Rio Capim é certificada pelo FSC ("Forest Stewardship Council"), a mais tradicional e exigente entidade internacional que fornece selos verdes para companhias de exploração madeireira no Mundo.

Sist e Nascimento fizeram um planejamento experimental cuidadoso, e coletaram uma imensa quantidade de dados. Antes do corte das árvores, utilizaram duas linhas de amostragem, cada uma incluindo nove áreas amostrais de 100 x 100 metros cada. Em cada área, identificaram e mediram nada menos que todas as árvores com DAP igual ou maior que 20 cm – um trabalho hercúleo. Depois da extração das árvores comerciais, verificaram quantas das restantes árvores da floresta haviam sido mortas ou danificadas por esse processo. Além disso, usando dados sobre o crescimento das árvores, calcularam quanto tempo as árvores comerciais levariam para repor o estoque que havia sido retirado. Um ciclo de 30 anos – ou seja, 30 anos entre extrações sucessivas de madeira da mesma área – é o recomendado por lei na Amazônia brasileira.

Novamente os resultados foram perturbadores. Sist e Nascimento estimaram que apenas metade do estoque das madeiras comerciais poderia ser reposto após o ciclo "legal" de 30 anos. Ou seja, novamente a exploração dita sustentável na verdade não é sustentável, pela própria definição. Pior que isso, é preciso olhar também a questão da conservação ou não da floresta como um todo. Os dois pesquisadores encontraram que em média nada menos que 13,9% das árvores restantes de cada área haviam sido mortas, mais 6,7% danificadas com diferentes graus de severidade, durante a extração das árvores comerciais. A abertura do dossel – ou seja, as "falhas" na continuidade do topo da floresta – tinha duplicado a triplicado. Em resumo, trata-se de uma exploração de recursos que não permite manter os níveis desses recursos para as gerações futuras, e além disso causa um dano considerável à floresta. Olhe bem que a CIKEL tem sido considerada um dos melhores exemplos de bom manejo florestal - imagine as outras companhias. Sist e Nascimento foram ainda mais além e apontaram que a não-sustentabilidade que eles verificaram não era em absoluto um resultado isolado, mas sim similar ao de outros estudos desenvolvidos no sudeste da Ásia.

Os estudos que discuti são apenas dois, e pode-se perguntar se são apenas exceções a uma suposta regra geral de explorações de fato sustentáveis. Pode até ser, mas não tenho muita esperança disso. De qualquer forma, eles mostram, no mínimo, que alguns dos casos apontados como sendo de exploração sustentável na verdade não o são.

Desculpe, meu caro leitor, se bombardeei você com tantos resultados de demografia. Você tem razão, demografia – o estudo das populações – pode ser um pouco árido às vezes. Tentei colocar tão poucos tediosos números quanto consegui. Mas acredite, os que coloquei foram por uma boa causa. Foram para mostrar que aquilo que um tecnocrata chama de "recurso natural" eu chamo de "população biológica". Qualquer uso de uma população de animais ou de plantas só pode ser sustentável se as entradas de indivíduos para a população (i.e., nascimentos e imigração) continuarem compensando, em longo prazo, as saídas (i.e. mortes e emigração). Como saber isso? Estudando a população em questão. Simples assim. Se uma dada exploração é sustentável ou não, isso é uma questão técnico-científica, fundamentalmente demográfica, que precisa ser respondida com a aplicação de boa ciência. Tudo isso deveria ser o óbvio ululante, como diria Nelson Rodrigues. Mas no nosso Mundo de hoje, onde esse assunto tem sido tão abusado pela ideologia e pela propaganda, às vezes é necessário dizer o óbvio.

Você pode ter notado que tanto o estudo de Peres e colaboradores como o de Sist e Nascimento foram a posteriori, ou seja, visaram analisar a sustentabilidade ou não de uma exploração que já existia e que, em ambos os casos, era dita sustentável. É claro que seria desejável ter estudos a priori, ou seja, testar se a exploração de um dado recurso natural é de fato sustentável antes de autorizá-la. Onde estão os estudos a priori? Pode até haver alguns, mas são raríssimos. Noventa e seis por cento das reservas extrativistas brasileiras não têm sequer plano de manejo, quanto mais avaliação de sustentabilidade. Ora, então, a pergunta que não quer calar é: se quase não há estudos a priori, por que a gente ouve falar que tantas atividades são sustentáveis?

Por uma razão muito simples: porque na grande maioria das vezes a palavra sustentabilidade não tem sido usada em seu sentido real. Quando um empresário diz que sua empresa é sustentável, na maioria das vezes o que ele realmente está dizendo é "estou tendo cuidado com as questões ambientais". Quando alguém de uma associação extrativista diz que uma exploração é sustentável, de modo geral o que ele realmente está dizendo é que "nossa atividade é menos destrutiva que outros usos da terra que poderiam ser feitos aqui". Tanto uma afirmação como a outra podem muito bem estar corretas - ou não, dependendo do caso. Mas nem uma coisa nem outra quer dizer, necessariamente, que as atividades em questão sejam sustentáveis. Isso vale para ambos os sentidos que mencionei aqui – tanto o sentido de fornecer recursos para as gerações futuras, como o sentido da demografia da própria espécie explorada.

Tomando por exemplo a própria castanha-do-Pará, pode ser verdade que explorar castanheiras tenha menos impacto que derrubar tudo e criar bois, mas nem por isso a exploração da castanha será sustentável. Caso não seja, isso trará a ruína não só da população biológica explorada, mas também das populações humanas estimuladas a depender de um recurso que não está conseguindo se renovar. Sustentabilidade ilusória não é bom para ninguém, muito menos para quem depende dela. Já ouvi o argumento "Ah, sim, mas até lá eles já vão estar usando outro recurso". Isso, claro, depois da população explorada originalmente ter sido dizimada. Ei, peraí, que diabo de sustentabilidade é essa?

A demografia, ou seja, o estudo das populações naturais, é um dos temas centrais da ciência fascinante, mas tão mal compreendida, que é a ecologia. A ecologia é a ciência que estuda as relações dos seres vivos entre si e com seu ambiente. Tem sido confundida com uma de suas aplicações, ou seja, os problemas ambientais. Mas há hoje uma forte ecologia acadêmica no Brasil, uma das melhores do Mundo, com muitos excelentes profissionais. Por que raramente se chama algum deles para avaliar a verdadeira sustentabilidade de alguma coisa, antes de se sair dizendo por aí que é sustentável? De um ponto de vista otimista, talvez seja por desconhecimento de que há por aí gente capacitada a avaliar essas coisas. De um ponto de vista mais pessimista, também pode ser porque quem diz, no fundo, muitas vezes não está interessado na resposta.

Isso pode parecer um detalhe de pouca importância para a conservação. Mas não é. Muito da popularidade da palavra sustentabilidade vem do fato de que ela soa tão bem. Antes de mais nada, claro, diz o que todos nós queremos ouvir. Depois, parece tão técnica que quem ouve geralmente supõe que para alguém estar dizendo isso, certamente deve haver profundo conhecimento técnico por trás para embasar. Por isso mesmo sustentabilidade, se mal usada, é uma palavra muito perigosa. É a chave mágica que abre todas as portas para exploração de populações biológicas em áreas que de outra forma seriam protegidas. É a base filosófica de todo um gigantesco paradigma no qual se assenta a atual política "ambiental" brasileira. Nunca antes na história desse país se demarcou tantas "reservas de desenvolvimento sustentável", em muitos casos sem se fazer a mínima idéia se a exploração estimulada com o nosso dinheiro é de fato sustentável. Se tudo isso for um gigante de pés de barro, estamos em maus lençóis.

Sustentabilidade, palavra perigosa: use com cuidado. Usar levianamente um conceito de tal importância é desastroso para as gerações futuras da própria definição, assim como para a conservação da biodiversidade. Como qualquer outra pessoa preocupada com o bem estar social da humanidade, adoraria ser convencido que qualquer utilização de recursos naturais seja de fato sustentável. Mas para isso é preciso ter argumentos convincentes que o demonstrem, não basta presumir que algo é sustentável só porque gostaríamos que assim fosse.

Biólogo, PhD em Ecologia pela Universidade de Durham (Inglaterra). Professor do Departamento de Ecologia da UFRJ, seu principal interesse em ensino e pesquisa é a Biologia da Conservação.


http://www.oeco.com.br/fernando-fernandez/45-fernando-fernandez/20233-a-tal-da-sustentabilidade

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

REFLEXÃO SOBRE A PERCEPÇÃO DE VALORES

Aquela poderia ser mais uma manhã como outra qualquer. Eis que o sujeito desce na estação do metrô: vestindo jeans, camiseta e boné, encosta-se próximo à entrada, tira o violino da caixa e começa a tocar com entusiasmo para a multidão que passa por ali, bem na hora do rush matinal. Mesmo assim, durante os 45 minutos que tocou, foi praticamente ignorado pelos passantes. Ninguém sabia, mas o músico era Joshua Bell, um dos maiores violinistas do mundo, executando peças musicais consagradas num instrumento raríssimo, um Stradivarius de 1713, estimado em mais de três milhões de dólares. Alguns dias antes Bell havia tocado no Symphony Hall de Boston, onde os melhores lugares custam a bagatela de 1000 dólares. A experiência, gravada em vídeo (http://br.youtube.com/watch?v=hnOPu0_YWhw), mostra homens e mulheres de andar ligeiro, copo de café na mão, celular no ouvido, crachá balançando no pescoço, indiferentes ao som do violino. A iniciativa realizada pelo jornal The Washington Post era a de lançar um debate sobre valor, contexto e arte. A conclusão: estamos acostumados a dar valor às coisas quando estão num contexto. Bell era uma obra de arte sem moldura. Um artefato de luxo sem etiqueta de grife. Esse é um exemplo daquelas tantas situações que acontecem em nossas vidas que são únicas, singulares, e a que não damos a menor bola porque não vêm com a etiqueta de seu preço. O que tem valor real para nós, independentemente de marcas, preços e grifes? É o que o mercado diz que você deve ter, sentir, vestir ou ser? Essa experiência mostra como na sociedade em que vivemos os nossos sentimentos e a nossa apreciação de beleza são manipulados pelo mercado, pela mídia, e pelas instituições que detém o poder financeiro. Mostra-nos como estamos condicionados a nos mover quando estamos no meio do rebanho.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Ascensão e queda populacional na região norte de MS: superexploração de recursos e as contradições governamentais

Este texto versa sobre os pontos e contrapontos que podem ser lidos num mesmo caderno ou número de um único jornal de um mesmo dia. O exemplo aqui analisado ocorreu com o Nº. 17.031, Ano 55 do Correio do Estado, maior jornal do MS. A matéria de capa do dia apresentou o título “Lei Ambiental estagnou o norte de MS”, a príncipio uma afronta aos setores ambientalistas modernos que tentam inserir temas de conservação nas pastas e planos de governo e desenvolvimento visando a qualidade de vida atual e a de futuras gerações. Na página anterior da matéria completa de capa (Pág. 12a – Caderno Cidades), utilizei os próprios números citados não são exatos; se o leitor fizer as contas, a redução de 5,4% no número de habitantes de Coxim de 1991 a 2007 na verdade foi de 5,2% (faça a regra-de-três com os próprios números da matéria). No parágrafo seguinte, não é citado que o IBGE já esperava por um déficit populacional em Coxim de -0,4% no mesmo período, devido às projeções possíveis com dados anteriores. Entretanto, o decréscimo populacional real de 4,8% de Coxim neste período está correto! Para Pedro Gomes a porcentagem de crescimento esperada pelo instituto era de 0,1% negativos. Entretanto, o crescimento real deste município foi de 4,4% negativos, resultando em reais 4,3% a menos do que o esperado e não em 4,19% como informado. Não vou entrar no mérito dos números significativos, entretanto continuo essa análise usando apenas os números fornecidos pela matéria.


O município de Coxim teve sua população reduzida em apenas 950 pessoas de 2000 a 2007. Porém, excetuando-se a presente década, nas últimas cinco este município apresentou um crescimento muito acelerado; cresceu quase quatro vezes entre as décadas de 50 e 90. Em projeção feita com os dados de 2000 e 2007 para 2010 (eu mesmo fiz as projeções, com os dados fornecidos) Coxim continuará crescendo, embora num ritmo bem mais lento que aquele observado entre os anos 60 e 90. Lembro ainda, que no passado os censos demográficos eram feitos a cada dez anos e a partir dos anos noventa (em 1990 não foi realizado censo, apenas em 1991), houve certa irregularidade no período dos levantamentos demográficos, com censos sendo realizados em 1991, 1996, 2000 (este último manteve o padrão decanual) e agora 2007. Assim, é até esperado que pequenas oscilações, antes não sentidas nas avaliações decanuais, apareçam em períodos de tempo menores.


Na matéria principal do título da capa o prefeito de Coxim discorda dos números apresentados pelo IBGE, dizendo que o município sob seu governo apresenta números maiores. Quanto à economia local, não há mais como ter o mesmo volume de estoque pesqueiro de outrora. De fato, a pesca (e principalmente o turismo de pesca) foi o fator econômico principal o responsável por incrementar substancialmente à população de Coxim em décadas passadas. Dificilmente, a pesca voltará a ser uma atividade econômica expressiva e socialmente benéfica para a região. Mesmo que sejam gastos milhões de reais no aprofundamento da calha do rio Taquari, em obras de contenção das margens, controle de sedimentos, reflorestamento das matas ciliares, repeixamento e monitoramento dos estoques e outras ações de conservação, dificilmente o rio Taquari voltará ao seu estado original, natural. O prazo para isso é longo, os recursos muito elevados e nenhum governante, da estirpe da maioria dos governantes brasileiros, investiria em obras desse tipo.


Contudo, é notória a contradição do prefeito de Coxim, Moacir Kohl e seus assessores que contribuíram para a matéria de capa na página 13ª, Caderno Cidades, em dizer que a proibição da instalação de usinas de álcool na Bacia do Alto Paraguai (Lei Ambiental N° 328/1982) a foi causa da estagnação populacional de Coxim na última década. Se a pesca foi a principal força de migração, foi também a falta de peixe que proporcionou o êxodo. Há muitas outras iniciativas econômicas e sociais que podem ser planejadas e terem grande sucesso, tendo sempre em mente as aptidões do município e sua realidade social. O que seria do mundo se todos plantassem cana-de-açúcar? Sobre o plantio de eucalipto, atividade que segundo o prefeito será a salvação de Coxim, o que temos a dizer é que os ganhos sociais não são altos e, em longo prazo, tal atividade seguramente comprometerá os serviços ambientais ainda hoje presentes no município e região. O eucalipto é conhecido como o maior “sugador” de água dentre os plantios, além de produzirem substâncias tóxicas que impedem o crescimento de outras árvores próximas. E preciso ter uma a visão empreendedora e certa dose de criatividade aos nossos governantes. Há há uma só opção, uma só verdade, uma só solução.


Acredito que é hora de mapear os sítios de relevante interesse turístico em Coxim e elaborar um plano de negócios e estratégias para esta pasta. Essa iniciativa que tem tido expressivo apoio financeiro do governo federal (existem fotos do Pantanal e do Cerrado, estanpando ônibus em Londres, EUA China e Índia), aliada aos grandes esforços para a revitalização do rio Taquari, que apenas agora e lentamente começam a acontecer, nos parece ser uma meta atingível, com efeitos benéficos a médio-longo prazo para a população, a economia e o meio ambiente de Coxim. Independente de sua população estar aumentando ou diminuindo, o que importa é sempre a qualidade de vida dos seus habitantes.

Projeto acaba com distância mínima entre usinas de álcool em Mato Grosso do Sul

http://mediacenter.clicrbs.com.br/templates/
player.aspx?uf=1&contentID=26863&channel=99

Usinas de Álcool e o uso de ferramentas técnicas de ponta para a tomada de decisões multilaterais

No dia 08/07/2008 o governador de MS, André Puccinelli revogou a lei estadual Nº 3.404/07 que determinava a distância mínima de 25 Km entre as usinas de álcool para a instalação de suas estruturas, como requisito para isenções fiscais. Essa lei estadual restringia a isenção de impostos aos empreendimentos que não a cumprissem, porém mantinha a obrigação, como a lei federal, de se fazer estudo de impacto ambiental e seu respectivo relatório (EIA/Rima). Embora a lei revogada primasse pelo ‘princípio da precaução’ ela não fora embasada em argumentos técnicos mensurados e assim não teve suporte, não foi convincente. Estamos passando por uma transformação tecnológica que nos permite transpor a barreira subjetiva e atuarmos com mais objetividade através da mensurabilidade. Agora, a instalação das usinas far-se-á na forma da lei federal e, para a elaboração dos estudos, serão necessários técnicos e pesquisadores capacitados. Nossa preocupação agora deve se concentrar em garantir que estes estudos sejam feitos com ferramentas avançadas de análise e que, depois de elaborados, eles passem pela consulta popular. Nos estudos, precisamos avançar tecnicamente no desafio de entender a dinâmica dos ecossistemas e como ela se comporta com o usufruto que a sociedade faz dela. Antes separávamos as coisas, setorizávamos os temas, para estudá-los individualmente e assim entender a estrutura e o funcionamento de suas partes. Entretanto, não é dessa forma que passaremos a entender como se comporta o todo. Hoje, a pesquisa básica das partes está bem avançada e o grande desafio agora é unir, juntar e fundir todo o conhecimento produzido e sintetizar um tratado que verse e traduza a realidade que nos cerca. Atualmente, temos a disposição ferramentas que nos ajudam a trabalhar com inúmeras variáveis (sociais, ambientais e econômicas) e que nos fornecem resultados flexíveis conforme as prioridades que estabelecemos. Esta capacidade técnica avançada já está disponível no estado e estamos confiantes de que os 25 Km subjetivos de outrora, sejam substituídos pelos resultados amplos e exatos obtidos por meio dessas novas ferramentas. Que tanto os EIAs/Rimas quanto o Zoneamento Ecológico-Econômico do estado de Mato Grosso do Sul se utilizem dessas ferramentas, que foram construídas com a experiência de inúmeros experts de todo o mundo. Dessa forma, fincaremos um marco na governança do estado no que tange a substituição da subjetividade pela eficácia técnica. Assim tangenciaremos o estado-de-arte do conhecimento e seremos capazes de implementar políticas públicas que atendem não só às demandas de proteção aos recursos naturais, como também aos anseios da comunidade e às perspectivas econômicas de empreendedores.

sábado, 12 de abril de 2008

só de sacanagem, texto de tom zé, voz Ana Carolina...

“Meu coração está aos pulos!

Quantas vezes minha esperança será posta à prova?

Por quantas provas terá ela que passar? Tudo isso que está aí no ar, malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro, do meu, do nosso dinheiro que reservamos duramente para educar os meninos mais pobres que nós, para cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais, esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais.

Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz, minha confiança vai ser posta à prova?

Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais?

É certo que tempos difíceis existem para aperfeiçoar o aprendiz, mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz.

Meu coração está no escuro, a luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó e os justos que os precederam: “Não roubarás”, “Devolva o lápis do coleguinha”, “Esse apontador não é seu, minha filha”. Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido que escutar.

Até habeas corpus preventivo, coisa da qual nunca tinha visto falar e sobre a qual minha pobre lógica ainda insiste: esse é o tipo de benefício que só ao culpado interessará. Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, então agora eu vou sacanear: mais honesta ainda vou ficar.

Só de sacanagem! Dirão: “Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo mundo rouba” e vou dizer: “Não importa, será esse o meu carnaval, vou confiar mais e outra vez. Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos, vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês. Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau.”

Dirão: “É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal”. Eu direi: Não admito, minha esperança é imortal. Eu repito, ouviram? Imortal! Sei que não dá para mudar o começo mas, se a gente quiser, vai dar para mudar o final!”

fonte: http://bodas.wordpress.com/2007/03/21/so-de-sacanagem/

sexta-feira, 14 de março de 2008

Coisas de Lula

O Brasil continua em posição secundária no panorama do poder na América Latina. A neutralidade de Lula é revoltante, ele não impõe sequer um ponto de vista. Qualquer ato de Lula é produto de conversas com assessores e ministros, esses inclusive são os que aparecem para dar explicações, e porque não dizer obrigações, à nação brasileira não o Lula. É lamentável o presidente brasileiro não ter o perfil de um chefe de estado que atue em prol da evolução do Brasil como um país justo, reto, economicamente competitivo e naturalmente original, que respeite, monitore e maneje racionalmente suas diretrizes humanas e riqueza ambiental.

Os dois lados da moeda...

O tráfico de drogas é mantido pelos países europeus e Estados Unidos. A história do tráfico começou com a máfia italiana e o álcool, em escala industrial, e é um dos negócios mais lucrativos atual e mundialmente, junto com as doutrinas religiosas de massa e o setor político-governamental de países em desenvolvimento. O consumo de drogas na Europa é superior ao do Brasil. Esse tanto se refere apenas as drogas de primeira classe, como heroína, cocaína e ecstasy. Se considerarmos os subprodutos dessas drogas de qualidade superior, de processamento cauteloso e garantia do produto a clientes experientes e exigentes, tais como crack ou mesmo uma droga mais barata, como a maconha, o consumo em massa é bem maior. A pergunta é: o que é mais lucrativo, o comércio de um produto mais em conta, mas que alcança às massas ou o que é comercializado a uma elite, drogas de primeira qualidade? Indo além, quais dentre essas atividades altamente lucrativas é a mais lucrativa: drogas, pregação religiosa ou ser político em países em desenvolvimento, como o Brasil?

Vamos adiante...

Conforme Edward Wilson, todo ser humano tem uma empatia com elementos da natureza (leia obra “Biofilia” de 1989), por menor que seja! ´Todo ser humano deveria reparar em quanto lixo ele produz diariamente. É um exercício simples, mesmo que você não o faça, por motivos quaisquer, imagine-se numa casa de praia, pequena, com dois quartos banheiro, cozinha, copa, sala, garagem, jardim e área de serviço. Você está de férias e fica uma semana lá, sozinho. Você terá de sair para ‘fazer compras’. Ao final de sete dias, se vc acondicionar todo o lixo nesses saquinhos plástico que são distribuídos nos supermercados, uma média de 5 – 12, ou seja, uma média de mais de oito sacos, o que dá mais de um saquinho desses por dia. Isso me faz pensar na enorme quantidade de lixo que a espécie humana produz diariamente. Embora um problema sério, podemos a medio-longo prazo reduzir drasticamente essa produção desagradável. Se pensarmos na quantidade de dejetos que são recicláveis, veremos que é uma proporção superior que a de matéria orgânica dispensada. Então ato de providenciar dois cestos de lixo, um pequeno para acondicionar lixo orgânico (coador de café, papel higiênico, restos de comida, etc.). que você pode perfeitamente acondicionar nas famosas sacolas de supermecado, e outro de 100 L que vc provavelmente terá de comprar, bem como pacotes de sacos de lixo de 100 L, para acondicionar lixo reciclável (garrafas plásticas, embalagens plásticas em geral, latas e lâminas de alumínio, vidro, isopor, etc.). Esse saco seria encaminhado às usinas de triagem (já existente em vários municípois brasileiros), e esse material será reaproveitado de alguma forma. Ao contrário do que o governo federal faz com o dinheiro que nós “damos”, você pode ter a certeza que esse “lixo” será reaproveitado, pois ele emprega, gera riquezas, enriquece a comunidade em todos os sentidos, sendo mais um elo numa grande rede. Finalizando e reforçando, para efetivarmos esse ato racional, basta termos um lixo maior em casa, na cozinha de prefência, no qual será despejado apenas material reciclável. Quando este cesto ficar cheio basta lacra-los com qualquer fita adesiva da 3M, e colar mais abaixo a fita 3M Reciclável, de forma que for visível ao coletor de lixo. Pronto, esse gesto de cidadania é um ato concreto, que de fato aumentam as perpectivas das gerações futuras, simplesmente por reduzir a quantidade de lixo... E quando isso acontecer, parabéns!!! Você é membro de civilização avançada.